O idoso é um ser em construção, chegando em mais uma etapa da vida. Dessa
forma, tal qual uma criança ao nascer, não tem clara noção sobre as
transformações vivenciadas em seu corpo e em sua mente. Por outro lado, os
meios de comunicação e a cultura vigente no Brasil, valorizam a juventude e a
força física.
Como os meios de comunicação
relacionam-se com o desenvolvimento da depressão no idoso? Ao transmitir a ideia de perfeição na jovialidade, os meios de
comunicação sustentam o desenvolvimento da depressão na população idosa.
Compreendendo que o envelhecimento é um processo vivenciado, muitas
vezes, de forma doentia e que a depressão, nesses casos, atua como “cano de
escape” dos sinais do envelhecer, percebe-se a importância de estudar a
depressão nessa faixa etária, tendo em vista que todas as pessoas passarão por
este processo e que o mesmo deve ser encarado de forma satisfatória.
Por outro lado, percebendo-se como os meios de comunicação estão
presentes no dia-a-dia das pessoas e que interferem diretamente na vida desta,
uma vez que fornecem uma visão geral acerca da realidade em que se vive, é
preciso também compreender como esse processo se dá e quais suas verdadeiras
influências.
Assim, é possível analisar se há relação dos meios de comunicação e da
cultura no desenvolvimento da depressão na terceira idade, uma vez que essa
população fica a maior parte do tempo na companhia da televisão e do rádio.
Esta é uma iniciativa nova, que exige dos indivíduos reflexão e postura crítica, duas
atitudes indispensáveis no exercício de qualquer profissão atualmente.
Vejamos a opinião de alguns teóricos
A velhice assusta, conforme coloca Myriam Moraes Lima Barros (2007). Nem
todas as pessoas estão preparadas para vivenciar de modo saudável essa última
fase do desenvolvimento humano e a possibilidade iminente de morte. Nem todos
estão preparados para aposentar-se, para deixarem de produzir, para ficarem em
casa mais tempo ou se ocuparem de outras atividades que antes eram de seu
interesse.
Em cada parte do
mundo, o idoso exerce um papel e a idade para ser considerado idoso varia de
cultura para cultura. Para a Geriatria (Internet), uma pessoa só é considerada
idosa após os 75 anos. Segundo a Sociedade Mundial de Saúde (apud CABRAL,
Internet) é considerado idoso qualquer pessoa com mais de 60 anos, entretanto,
a mesma considera que o envelhecimento depende de questões fisiológicas e
intelectuais e não apenas cronológica.
No Brasil, são quase 15
milhões de pessoas idosas, ou seja, 8,6% da população brasileira, sendo as
mulheres a maioria, atingindo quase 9 milhões e tendo uma renda média de R$ 657,00,
segundo dados do IBGE (Internet). Entretanto, esses números vêm crescendo cada
vez mais e a estimativa é que cheguem a 30 milhões até 2020.
O envelhecimento é causado por alterações moleculares
e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do
organismo como um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase
reprodutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer
muito antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por exemplo, começam a
decair funcionalmente já a partir dos 30 anos. (HOFFMAN, Internet)
O que ocorre é que o corpo atinge o seu patamar na evolução e, desse
modo, começar a declinar. Todo o sistema funcional do homem começa a
preparar-se para o envelhecimento, mesmo que o homem ainda não pare para pensar
sobre tal assunto.
Luciano Spina França (Internet) divide as mudanças vivenciadas pelos
idosos em quatro: Físicas, Psicossociais, Funcionais e Sócio-econômicas. Nas
físicas há aparecimento de rugas e progressiva perda da elasticidade e viço da
pele, diminuição da força muscular, da agilidade e da mobilidade das
articulações, aparição de cabelos brancos e perda dos cabelos entre os
indivíduos do sexo masculino, redução da acuidade sensorial, da capacidade
auditiva e visual, distúrbios do sistema respiratório, circulatório e alteração
da memória e outras.
Nas mudanças psicossociais há modificações
afetivas e cognitivas: efeitos fisiológicos do envelhecimento, consciência da
aproximação do fim da vida, suspensão da atividade profissional por aposentadoria:
sensação de inutilidade, solidão, afastamento de pessoas de outras faixas
etárias, segregação familiar, dificuldade econômica, declínio no prestígio
social, experiências e de valores e outras.
Nas mudanças funcionais
há a necessidade cotidiana de ajuda para desempenhar as atividades básicas,
onde o idoso já não consegue desempenhar como antes atividades que são
rotineiras, precisando sempre da ajuda dos familiares, que nem sempre estão
dispostos a ajudar.
Nas mudanças sócio-econômicas
acontece quando a pessoa se aposenta, passa a ganhar menos e tem sua
vida social bastante reduzida, tendo em vista que diminuem as suas saídas de
casa e seus maiores contatos estavam no campo do trabalho.
Tornar-se velho, é mais do que um processo e perda
progressiva das capacidades do corpo, é também um processo psicológico, que
afeta de muitas maneiras a percepção de si, e um processo social, posto que a
velhice signifique coisas diferentes em cada época e em cada cultura. (GOLDFARB,
1998)
Embora o idoso esteja vivenciando inúmeras
perdas, hoje, a imagem que possuímos dos idosos vem mudando devido ao avanço das
tecnologias na área da saúde proporcionando uma
elevação da expectativa de vida,
o “novo idoso” é influenciado por hábitos saudáveis. Não é apenas com a saúde
física que o idoso do século XXI está mais
cuidadoso. Ciente de que o corpo e a mente
estão muitos associados, eles buscam manter ambos em atividade, como voltar a
estudar, fazer cursos de informática, hidroginástica, teatro, jardinagem, etc.
Por outro lado, segundo
Cristiane Pronwhon, Elizabete Cândido e Eunice Nakamura (Internet) e também
exposto no site Boa Saúde, a depressão é a principal doença mental da terceira
idade ou sintoma psicológico, com incidência de 20% na classe média e 35% nas
classes mais pobres, podendo ser gerados pelas muitas doenças adquiridas com a idade
e pelas inúmeras recaídas.
No idoso, a
questão é muito complexa e o suicídio está sempre atrelado a fatores externos,
acontecendo aos pouquinhos, com a não medicação correta, a falta de interesse
na questão alimentar e por exercícios físicas. Tudo isso é gerado pelo
menosprezo ao velho.
Se apresenta
numa queda da imunidade, diminuindo a ressistência física às doenças, desgosto,
infelicidade, desespero, infortúnio, perda de apetite, perda de desejo e prazer
sexual, insônia grave, agitação, agressividade, podendo ter também, tremores
nas mãos, palpitações, suldorese, ansiedade, o nervosismo e as fobias, podendo
ser confudido, por estes motivos, com outras patologias, levando, muitas vezes,
a aposentadoria por invalidez. Pode também estar associada com sintomas
somáticos e hipocondríacos.
Pelo menos
quatro, dos sintomas abaixo, precisam sem percebidos para ser diagnosticada a depressão:
Y
Aumento ou dimunuição do apetite;
Y
Aumento ou diminuição do sono;
Y
Diminuição da energia;
Y
Sensação contínua de fadiga ou cansaço;
Y
Perda de interesse;
Y
Perda de prazer das relações sociais;
Y
Perda de prazer nas atividades cotidianas;
Y
Sentimento de reprovação ou culpa de si mesmo;
Y
Lentificação ou agitação psicomotora, queixas ou
evidências da diminição da concentração.
Além disso, “do ponto de vista biológico ou orgânico, as
mudanças no sistema endócrino, neurológicos e fisiológicos contribuem para um
declínio progressivo do humor, chegando à depressão predominantemente nas
pessoas já com uma certa sensibilidade afetiva”.
No aspecto
piscológico, encontra-se a própria inadaptação do indivíduo ao porcesso gradual
de envelhecimento, tornando essas pessoas mais vulneráveis à depressão. E essa
questão, não condiz apenas como a pessoa entra na velhice, mas, como o modo
como ela vivenciou a infância, a adolescência e a idade adulta. Tem haver com
os sonhos alcançados e com os sonhos não realizados. Tem concominância com toda
a história psíquica daquele sujeito.
O quadro
depressivo nos idosos pode se dá pelo uso prolongado de tranquilizantes,
remédios cardiológicos, anti-reumáticos, antialérgicos e antiinflamatórios.
Pode apresentar um estado confusional,
semelhante ao que ocorre na demência. Para que o diagnóstico seja preciso, é
indispensável uma avaliação psiquiátrica e neurológica.
Além desses
fatores, o diagnóstico se baseia na história clínica do paciente, nos
antecendentes afetivos pessoais e familiares, bem como no julgamento de
elementos sócio-psicológicos associados.
Para seu
tratamento, a medicação antidepressiva é importante, entretanto, associada a
psicoterapia e a uma atividade física regular e eficiente.
É preciso
destacar ainda uma última coisa em relação ao idoso e ao seu adoecimento, muito
bem exposto por General Douglas MacArthur (apud ROÇAS, 1996):
Ninguém
fica velho simplesmente por que viveu alguns anos. A pessoa só envelhece quando
abandona seus idéias... Você é tão jovem quanto sua autoconfiança, tão idoso
quanto seu medo, tão moço quanto suas esperanças, e tão velho quanto seu
desespero. No centro de todo coração, há um gravador; enquanto ele receber
mensagens de beleza, esperança, alegria e coragem, você permanece jovem. Quando
os fios se romperem, e seu coração estiver coberto com as neves do pessimismo e
o gelo do ceticismo, então, e só então, você ficará velho...
Desta forma, é importante que o idoso seja compreendido em toda sua totalidade, e que o respeito seja acima de tudo um ponto a ser colocado em evidencia, terceira idade não significa o fim da vida, mais uma nova etapa e processo que todo ser humano irá passar ao longo de sua jornada de vida na terra. E por tanto, deve ser respeitado e tratado como pessoa com mais experiencia e conhecedor do conhecimento que será repassado para seus entes queridos e amigos.
0 comentários